DEPOIS DE LÚCIA
(3,5/5,0)
Sim, sim, mais um filme sobre bullying. Aliás, mais um?
Certeza? Duvido que você já tenha visto um filme sobre bullying. Documentário,
okay, reportagem, okay, mas filme? Duvido. É mesmo bem difícil fazer um roteiro
com algo que foi tão discutido uns dois anos atrás e não ser clichê ou
repetitivo.
Mas bom, deixe-me dizer pra vocês que sim, Depois de Lúcia conseguiu ser um filme de
bullying bom. Aliás, mais que bom. É chocante. Agoniante. Mas tá, deixa eu montar a sinopse antes de
falar sobre. Alejandra (ah, sim, é um
filme de bullying bom e mexicano) é
uma garota comum que acaba de se mudar junto com o pai para uma nova cidade,
onde ele pretende abrir um restaurante, enquanto ela enfrenta o desafio de
entrar numa escola nova.
Desde o início, vê-se que Alê já não tinha amizades
saudáveis na antiga cidade. Na nova escola, ela não faz diferente, e logo fica
amiga de um grupo de pessoas de sua sala, aquele grupinho ~mal exemplo ~ que
toda sala de aula tem. Alguns dias depois, numa festa, ela envolve-se com
Javier, um dos garotos do grupo, e eles gravam um vídeo enquanto transam no
banheiro. Sim, o cara coloca o vídeo na
internet. Sim, ela fica mal falada pela escola inteira. Mas não para por aí.
Alejandra não é o tipo de pessoa que podemos chamar de
~garota de atitude~, que é forte e passa por cima de tudo. Ela foi humilhada,
enganada, abandonada, sofre violência verbal e física em diversos momentos do
filme, e mesmo assim não faz nada. Não é que ela seja idiota. A garota oprime
tudo o que acontece, não há choro, nem desespero, nem sofrimento – as agressões
feitas são um tapa na cara. Você fica louco pra ajudar a personagem em boa
parte da história.
O filme aborda não só o bullying, mas também o quão
hipócritas e machistas são as pessoas, ainda hoje. A garota foi chamada de puta por meses e
meses pela escola inteira, e o garoto, que também estava no vídeo, foi só zoado
por alguns dias. Ele continuou com amigos e com toda a sua vida normal, enquanto
a dela se arruinava. Por que ele também não foi chamado de canalha? E por que
alguém pode fazer sexo em quatro paredes, mas quando um vídeo é divulgado, todo
mundo julga? É como se fosse coisa de outro mundo. Parece que ninguém nasceu
daquele mesmo jeito. Parece que aquilo é algo muito diferente do que todo mundo
tá acostumado.

Mas enfim. Adorei a atriz, Tessa la, que faz a
personagem principal. O elenco todo é ótimo, na verdade. As cenas com os amigos
todos juntos parecem ser reais, dá pra ver todo mundo muito à vontade. Mas foi
necessário um elenco bom, principalmente nas cenas que traduzem até que ponto o
ser humano pode chegar. E, só pra encerrar, sem dar muito spoiler: só não dei
mais uma estrela pela cena final. Que final cagado, gente. Mas tá, essa é minha
opinião. Teve gente que amou. Mas sei lá. Recomendo, de qualquer jeito.
Assistam, gente! :)
Beijos!
Becky